Ela acordou chorando, havia
sonhado estar em um lugar bom, familiar. Isso era estranho demais, ao menos
agora parecia impossível que pudesse voltar aos lugares que ela costumava
passar as tardes, as noites e as manhãs. Havia deixado para trás os livros...
Sim ela os deixara, não por escolha, mas por falta dela. A menina crescera e
hoje era prisioneira da própria realidade.
Tinha responsabilidades, precisa
crescer... Aprender! Diziam que ela era ingênua demais, era verdade. Conhecia
tudo o que sabia de pai, mãe e livros, isso não era tão mal assim, conservava
ainda certa pureza e junto com isso uma predisposição incrível para a tolice.
Naquela manhã ela havia acordado com tantas dúvidas, e já tinha chorado
baixinho, ela ainda trazia isso... Guardava sentimentos. Sentia falta do cheiro
de papel velho, da aparência amarelada das páginas antigas, sentia falta de
quem podia ser sempre que quisesse.
Embora a menina tenha crescido,
guardou consigo o maior dos segredos, seu mais precioso tesouro. Não era
dinheiro e nem livros como podem ter imaginado. A menina queria amar... Isso
tornava tudo mais fácil, a curiosidade nos impulsiona a correr atrás, isso
significava que não desistiria de sentir... Era chegada a hora em que a menina
sairia em busca de inspiração, era chagada a hora de correr a caneta no papel e
aos poucos escrever a própria história.
Ela sabia disso. Secou as
lágrimas e levantou da cama, um dia começava, e com ele a possibilidade de começar
outra vez... A mesma história.