sábado, 1 de dezembro de 2012

De volta à menina



Ela acordou chorando, havia sonhado estar em um lugar bom, familiar. Isso era estranho demais, ao menos agora parecia impossível que pudesse voltar aos lugares que ela costumava passar as tardes, as noites e as manhãs. Havia deixado para trás os livros... Sim ela os deixara, não por escolha, mas por falta dela. A menina crescera e hoje era prisioneira da própria realidade.
Tinha responsabilidades, precisa crescer... Aprender! Diziam que ela era ingênua demais, era verdade. Conhecia tudo o que sabia de pai, mãe e livros, isso não era tão mal assim, conservava ainda certa pureza e junto com isso uma predisposição incrível para a tolice. Naquela manhã ela havia acordado com tantas dúvidas, e já tinha chorado baixinho, ela ainda trazia isso... Guardava sentimentos. Sentia falta do cheiro de papel velho, da aparência amarelada das páginas antigas, sentia falta de quem podia ser sempre que quisesse.
Embora a menina tenha crescido, guardou consigo o maior dos segredos, seu mais precioso tesouro. Não era dinheiro e nem livros como podem ter imaginado. A menina queria amar... Isso tornava tudo mais fácil, a curiosidade nos impulsiona a correr atrás, isso significava que não desistiria de sentir... Era chegada a hora em que a menina sairia em busca de inspiração, era chagada a hora de correr a caneta no papel e aos poucos escrever a própria história.
Ela sabia disso. Secou as lágrimas e levantou da cama, um dia começava, e com ele a possibilidade de começar outra vez... A mesma história.